segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

CRITÉRIO CONVENCIONAL E CRITÉRIO DE NATUREZA

Quando se faz ciência, quando se realiza uma demonstração, um experimento, é necessário um critério. Um critério é a base para julgar, para distinguir, para fazer confrontos. Como se faz para definir o que é bem e o que é mal, o que é certo e o que é errado, o que leva à saúde ou que leva à doença? Um critério é um princípio que legitima o discurso de toda a teoria e relativa demonstração. Para se fundar uma ciência, portanto, é necessário estabelecer um critério.

A Ontopsicologia classifica os critérios para fundar qualquer ciência em dois gêneros: o critério convencional (a opinião) e o critério de natureza. O critério convencional é aquele usado em todas as ciências definidas exatas, como a estatística, a física, a medicina, a química etc. No âmbito dessas disciplinas, os cientistas estabelecem um critério e procedem ao longo de toda a demonstração através da aplicação desse critério. A ciência define-se objetiva se responde ao critério escolhido. Por exemplo, o critério de medida convencionado e aceito como referência para todas as medidas espaciais é o metro. Nestas ciências consideradas oficiais que se baseiam no critério convencional, quando o critério não se adapta à ideologia, o discurso não é considerado válido. Ou seja, não se busca o que é real, mas o que é conforme. Toda ciência é a conformidade ou deformidade ao critério pré-escolhido.

A escola ontopsicológica, ao invés disso, utiliza o critério de natureza. Natureza é tudo o que nasce da ação da vida. Para a Ontopsicologia, ação da vida, natureza e existência são sinônimos. Quando a natureza posiciona o ato, cria uma estrutura e lhe dá uma direção, um sentido. Se observamos cada um de nós, notamos que no interior do nosso corpo pré-existe uma lei, uma intenção. A vida predispõe o ser humano de um determinado modo, e trata-se de uma predisposição química, biológica, fisiológica, moral. Antonio Meneghetti define “natureza” esta impostação formal do corpo, que é um fato anterior à pessoa.

A natureza tem na sua base, portanto, uma lei fundamental à qual o homem não pode subtrair-se. Na medida em que existe, ele é previsto pela própria natureza que o funda. Existe um princípio que, da sua invisibilidade, atua a dinâmica das coisas e a fenomenologia biológica e psíquica. Um princípio que move a mente e o sangue, a mão e a moral do sujeito. Este critério fundamental da natureza é o que a Ontopsicologia define Em Si ôntico: a ordem apriórica e categórica de qualquer ser humano.

A ciência ontopsicológica aceita somente o critério de natureza, não aquele convencional. Se eu, pesquisador, quero chegar à verdade, devo me certificar e, para fazê-lo, a natureza me dá a mim mesmo. Deste modo se dá o processo de evidência: a verdade daquele fato nasce de mim que vejo, ou seja, nasce do mesmo princípio através do qual eu existo. A evidência implica uma exata relação de coincidência entre o objeto aberto e o íntimo de quem vê. E este é o máximo de ciência.

Para aprofundamentos sobre o tema, indica-se o texto de Antonio Meneghetti O critério epistêmico: o Em Si ôntico publicado em
Manual de Ontopsicologia. 3.ed. Recanto Maestro: Ontopsicologica Editrice, 2004. pp. 145-171.

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