Desde a Antiguidade, há algo que provoca grande curiosidade nos seres humanos, mas que permanece um problema não resolvido: a existência da alma. O termo alma vem do grego άνεμος [ánemos] e significa “vento, espírito, sopro vital”. Quando os primeiros filósofos e pesquisadores da civilização humana começaram a querer entender o princípio que constituía o ser humano, chamaram-no de “alma” para descrever um conceito inefável, que não pode ser verbalizado, difícil de ser explicado, impossível de ser tocado, mas que habita e sustenta o corpo e o mantém vivo.
Os filósofos e pesquisadores tinham o problema de explicar aos homens princípios elementares como: Por que o corpo vive? Por que o homem pensa? E a primeira coisa que se nota é que se move. Na natureza, existem forças que agem sem serem vistas. Por exemplo, do vento se vê somente os efeitos que produz. O vento se move, tem uma direção, mas nem sempre se entende aonde vai, é visto somente pelos efeitos. Observando que o homem se move, usaram uma metáfora: “dentro existe o vento”.
Foram os antigos gregos que tornaram a alma um conceito filosófico, possível de ser analisado com técnicas racionais. Sucessivamente, também as religiões tomaram esse conceito – por exemplo, na Bíblia afirma-se que Deus soprou dentro da matéria e esta começou a agir, a refletir e deste modo o homem foi criado. Portanto, o discurso da alma, de filosófico começa a assumir uma conotação religiosa e os estudos feitos naquela época buscavam conciliar tal conceito místico com a racionalidade ocidental.
Com o nascimento do Iluminismo e com a sucessiva Revolução Industrial, o interesse científico começa a se deslocar para o estudo da mente. Com o nascimento do método científico, o conceito de alma torna-se prerrogativa das religiões, pois começa a ser considerada não científica pelo fato de não poder ser medida, observada e reproduzível experimentalmente.
Porém, o interesse filosófico pela alma continuará por parte de diversos filósofos como Schopenhauer, Kant e Hegel. No século XX se prosseguirá a tendência de considerá-la um conceito místico, ainda que alguns estudiosos como Brentano, Freud, Jung, Jaspers e Gabriel Marcel evidenciarão que dentro dos homens existem outras pulsões e intencionalidades criativas e vitais que não pertencem estritamente à razão.
Apesar disso, durante grande parte do século XX permanecerá sem resposta a pergunta: existe alma? E se existe, pode-se descrevê-la e estudá-la de modo racional ou até mesmo científico?
Iniciando a cura do ser humano e procurando um princípio que curasse – o critério que pudesse dar a direção da vida – Antonio Meneghetti descobre que no background do inconsciente não existia a vida e a morte, porque estas são conseqüentes, mas existia um princípio, um critério vivente e transcendente. “Transcendente” no sentido de que estava naquele sujeito, mas contemporaneamente não estava; enquanto é presente e articulador da estrutura humana, contemporaneamente está fora dela, como o pensamento. Quando articulo uma frase, um pensamento, uma relação, exponho as palavras, mas o responsável sou eu. “Eu” quem? Se alguém me procura como “eu”, não me encontra. Pode encontrar as mãos, os ossos, mas não encontra o eu agente e responsável, o eu voluntário que decide. Porém, esse “eu” se formaliza, se exemplifica, se exterioriza.
Escreve Meneghetti: “Ao iniciar a cura do ser humano, eu buscava um princípio que curasse, o critério que pudesse dar a direção da vida. A primeira coisa que descobri foi o campo semântico. Na minha pesquisa, segui todas as pulsões que eu interceptava com o campo semântico. Experimentando as diversas vetorialidades, pude isolar e identificar uma pulsão. Todas as vezes que as suas indicações eram seguidas, ou seja, a sua intencionalidade, esta dinâmica certificava um resultado positivo para o indivíduo (equilíbrio, saúde, progressão, funcionalidade): a autorrealização.
Se era desacreditada, o indivíduo sofria uma perda, um desequilíbrio tanto no plano existencial quanto no plano biológico-funcional. É uma pulsão que convive com todas as outras, às vezes segue junto com as demais e às vezes não, mas é sempre co-presente. A prova contínua de tudo isto é a cura objetiva, existencial, psíquica ou psicossomática, isto é, a constante cura e resolução do sintoma. Através de repetidas hipóteses com resultado idêntico, cheguei à descoberta formal do Em Si ôntico.”
Qual é, no entanto, a novidade do Em Si ôntico em relação ao conceito de alma?
A novidade de Meneghetti é ter individuado (o reconheceu, identificou que existia), isolado (o distinguiu, separou de todas as outras realidades, pulsões, critérios etc.), especificado (descreveu como se manifesta, o que faz, como faz e porque faz) e demonstrado (através dos resultados) este princípio. Ele descreveu as 15 características deste princípio, portanto, deixou de ser algo simplesmente metafísico, que não podia ser acessado e passou a ser algo possível de se identificar na existência.
Meneghetti diz: “Toda a práxis da Ontopsicologia consiste na individuação e na aplicação do Em Si ôntico, no ensinar a individuá-lo e torná-lo operativo na vida de todos os dias.”
Para mais informações sobre o Em Si ôntico, descoberta da ciência ontopsicológica, indica-se os livros de Antonio Meneghetti Manual de Ontopsicologia. 3.ed. Recanto Maestro: Ontopsicologica Editrice, 2004.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
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