domingo, 15 de novembro de 2009

O PROBLEMA RESOLVIDO: A EXISTÊNCIA DA ALMA

Alma ou espírito significa “sopro vital”. Os antigos entendiam com sopro algo que é invisível mas do qual se vêem os efeitos. Para todas as grandes religiões, a alma era um conceito natural do homem e representava o seu ponto de contato com a divindade. Foram os antigos gregos a tornar a alma um conceito filosófico, possível de ser analisado segundo técnicas racionais. Todos os pré-socráticos interrogaram-se sobre a alma e, em particular, sobre a ligação entre corpo e alma, as duas dimensões fundamentais do existir homem.

Segundo Platão, alma e corpo são separados, enquanto que, para Aristóteles, estão estritamente coligados. “A alma é o ato primeiro de um corpo natural que possui a vida em potência. É portanto manifesto que a alma não é separável do corpo, visto que a atividade de algumas das suas partes é o ato das correspondentes partes do corpo”, escreveu Aristóteles. Por isso “os corpos naturais são instrumentos (órgãos) da alma”.

Com o Cristianismo, de filosófico, o “discurso sobre a alma” torna-se religioso. Os estudos que são desenvolvidos se referem à tentativa de tornar coerente o conceito de “alma” em sentido católico com a racionalidade ocidental. Com o Iluminismo e a sucessiva Revolução Industrial, o interesse dos estudiosos se concentra na razão, e a alma é frequentemente reputada um conceito religioso e, portanto, não-científico. Ainda assim, continuará um interesse filosófico pela alma por parte de numerosos estudiosos, entre os quais Schopenhauer, Kant e Hegel.

No século XX prosseguirá a tendência de considerar a alma um conceito místico. Ainda que alguns estudiosos como Brentano, Freud, Jung, Jaspers e Gabriel Marcel tenham evidenciado que no interior do ser humano existem pulsões e intencionalidades criativas e vitais que não são de estrito pertencimento da razão, o problema permanece sem resposta: existe a alma? E, se existe, ela pode ser descrita e estudada de modo racional ou até mesmo científico?

Iniciando a cura do ser humano, e buscando um princípio curativo, o critério que pudesse dar a direção da vida, Antonio Meneghetti, fundador da escola ontopsicológica, descobriu que, no background do inconsciente havia um princípio, um critério vivente e transcendente. Definiu este princípio de Em Si ôntico. Este princípio era operativo da fenomenologia e do resultado operativo da pessoa. Um sujeito era neurótico ou falimentar porque se contrapunha a propriedades específicas desse critério elementar, ao passo que de tudo o que era conforme a ele, proporcionava ao sujeito vida, bem-estar, satisfação. Através da prática clínica, experimental, Meneghetti verificou que era tal critério que fazia ser ou não ser, estar doente ou sadio, ter êxito ou frustração.

Meneghetti reconhece que a grandeza histórica do seu pensamento não está em ter descoberto algo do qual não se sabia a existência. Pelo contrário, o Em Si ôntico é – como identificado pelo pesquisador – aquilo que tantos outros procuraram e conjecturaram. A inovação está em dar a essa descoberta, através da Ontopsicologia, uma dignidade científica.

Para Meneghetti, o Em Si ôntico não constitui uma sugestão mística, mas é algo de concreto e real no interior de cada homem, e cuja individuação e colocação “em foco” consente o sucesso em todos os aspectos concretos do existir do homem. Determina a saúde, o bem-estar e também o prazer, o sucesso econômico e social. E ao invés de representá-lo em termos fideísticos ou dogmáticos, Antonio Meneghetti o descreve quase anatomicamente, ilustrando toda a sua fenomenologia com a precisão do pesquisador atento, tornando possível a sua compreensão e aplicação pessoal a cada ser humano.

Texto adaptado do artigo As três descobertas: O Em Si ôntico do dossiê Antonio Meneghetti: uma viagem de sucesso, publicado junto à revista Nova Ontopsicologia. Recanto Maestro: Ontopsicologica Ed., n. 2, março 2008. pp.14-15.

Para uma introdução ao Em Si ôntico, indica-se o texto de Antonio Meneghetti As três descobertas: o Em Si ôntico contido em Nova fronda virescit: introdução à Ontopsicologia para jovens. Recanto Maestro: Ontopsicologica Ed., 2006. pp.47-56.

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